De um tempo para cá, só tenho recebido e-mails mostrando contradições e erros do governo de LULA. Claro que tenho que aceitar a maior parte da crítica (menos as mentirosas) e concluir que o grupo de LULA não é bom para governar o país. Dilma é continuidade e, por tanto, deveria ser evitada.
Este ano, 2010, tivemos dois candidatos nos quais, em principio, poderíamos votar: Marina e Plínio de Arruda. Mas a certeza estatística de que a eleição seria disputada entre Dilma e Serra, me fez tomar a decisão de escolher, ente os dois, aquele que considerei, neste momento, menos ruim, tendo em vista o contexto político do país, ou seja, Dilma.
POR QUÊ?
Nossa sociedade sempre foi dirigida por uma elite de aproximadamente 5% da população, composta, principalmente, dos políticos e grandes empresários, que controlam a mídia e através dela fazem um trabalho competente, mas muitas vezes sem ética, de formação da consciência da classe alta, média e da classe mais empobrecida. Por isso é que os candidatos comprometidos e defendidos por esse grupo venceram as eleições até 2000, mantendo o grupo no poder. Uma parte das leis e da administração do país sempre privilegiou os interesses dessa elite, e a prova disso é que o Brasil, sendo um dos países com uma das maiores riquezas de solo e subsolo do mundo é, até hoje, um dos países com uma distribuição de renda das mais desiguais do mundo. A eleição de Lula foi uma exceção no Brasil. Pela primeira vez foi eleito um presidente contra a opinião da mídia e da elite dirigente. Por isso, ele se tornou uma esperança do povo e um desafio para a elite. É verdade que, para os que analisam a conjuntura com um pouco mais de profundidade, ele passou, com o tempo, a representar uma fonte de incoerência e decepção.
E POR QUE AINDA VOTAR NA CONTINUIDADE DE LULA?
É comprovado que psicologicamente acontecimentos presentes mexem muito mais com a gente do que acontecimentos do passado, mesmo que estes sejam até mais fortes. Portanto devemos rever o passado com mais atenção, fazendo uma análise fria e imparcial dos fatos principalmente se a decisão conseqüente implica na modificação da qualidade de vida das pessoas marginalizadas e sem vez da nossa sociedade.
Para que esta análise imparcial seja mais bem fundamentada lembramos a vocês alguns acontecimentos do passado recente, ocorridos no governo de FHC, que a imprensa faz questão de esquecer:
SIVAM: Logo no início da gestão de FHC, denúncias de corrupção e tráfico de influências no contrato de US$ 1,4 bilhão para a criação do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) derrubaram um ministro e dois assessores presidenciais. Mas a CPI instalada no Congresso, após intensa pressão, foi esvaziada pelos aliados do governo e resultou apenas num relatório com informações requentadas ao Ministério Público.
PASTA ROSA: Pouco depois, em agosto de 1995, eclodiu a crise dos bancos: Econômico (BA), Mercantil (PE) e Comercial (SP). Através do Programa de Estímulo à Reestruturação do Sistema Financeiro (Proer), FHC beneficiou com R$ 9,6 bilhões o Banco Econômico numa jogada política para favorecer o seu aliado ACM. A CPI instalada não durou cinco meses, justificou o "socorro" aos bancos quebrados e nem sequer averiguou o conteúdo de uma pasta rosa, que trazia o nome de; 25 deputados subornados pelo Econômico.
PRECATÓRIOS: Em novembro de 1996 veio à tona a falcatrua no pagamento de títulos no Departamento de Estradas de Rodagem (Dner). Os beneficiados pela fraude pagavam 25% do valor destes precatórios para a quadrilha que comandava o esquema, resultando num prejuízo à União de quase R$ 3 bilhões. A sujeira resultou na extinção do órgão, mas os aliados de FHC impediram a criação da CPI para investigar o caso.
COMPRA DE VOTOS: Em 1997, gravações telefônicas colocaram sob forte suspeita a aprovação da emenda constitucional que permitiria a reeleição de FHC. Os deputados Ronivon Santiago e João Maia, ambos do PFL do Acre, teriam recebido R$ 200 mil para votar a favor do projeto do governo. Eles renunciaram ao mandato e foram expulsos do partido, mas o pedido de uma CPI foi bombardeado pelos governistas.
DESVALORIZAÇÃO DO REAL: Num nítido estelionato eleitoral, o governo promoveu a desvalorização do real no início de 1999. Para piorar, socorreu com R$ 1,6 bilhão os bancos Marka e FonteCidam – ambos com vínculos com tucanos de alta plumagem. A proposta de criação de uma CPI tramitou durante dois anos na Câmara Federal e foi arquivada por pressão da bancada governista.
PRIVATARIA: Durante a privatização do sistema Telebrás, grampos no BNDES flagraram conversas entre Luis Carlos Mendonça de Barros, Ministro das Comunicações, e André Lara Resende, dirigente do banco. Eles articulavam o apoio a Previ, caixa de previdência do Banco do Brasil, para beneficiar o consórcio do banco Opportunity, que tinha como um dos donos o tucano Pérsio Árida. A negociata teve valor estimado de R$ 24 bilhões. Apesar do escândalo, FHC conseguiu evitar a instalação da CPI.
CPI DA CORRUPÇÃO: Em 2001, chafurdando na lama, o governo ainda bloqueou a abertura de uma CPI para apurar todas as denúncias contra a sua triste gestão. Foram arrolados 28 casos de corrupção na esfera federal, que depois se concentraram nas falcatruas da Sudam, da privatização do sistema Telebrás e no envolvimento do ex-ministro Eduardo Jorge. A sujeira no ninho tucano novamente ficou impune.
EDUARDO JORGE: Secretário geral do presidente, Eduardo Jorge foi alvo de várias denúncias no reinado tucano: esquema de liberação de verbas no valor de R$ 169 milhões para o TRT-SP; montagem do caixa dois para a reeleição de FHC; lobby para favorecer empresas de informática com contratos no valor de R$ 21,1 milhões só para a Montreal; e uso de recursos dos fundos de pensão no processo das privatizações. Nada foi apurado e hoje o sinistro aparece na mídia para criticar a "falta de ética" do governo Lula.
CPIs SABOTADAS: FHC impediu qualquer apuração e sabotou todas as CPIs. Ele contou ainda com a ajuda do procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, que por isso foi batizado de "engavetador geral". Dos 626 inquéritos instalados até maio de 2001, 242 foram engavetados e outros 217 foram arquivados. Estes envolviam 194 deputados, 33 senadores, 11 ministros e ex-ministros e em quatro o próprio FHC. Nada foi apurado, a mídia evitou o alarde e os tucanos ficaram intactos.
Muitas outras corrupções ocorreram no governo de FHC. Quase todas elas têm uma característica em comum: as CPI´s NÃO FORAM AVANTE, os envolvidos não foram indiciados e hoje nem a Lei da Ficha Limpa os atinge.
POR QUE?
O governo de FHC era fortalecido pelas elites e pela mídia, que permitiam o bloqueio das CPI´s e da ação da Policia Federal, CGU, Ministério Publico etc...
O governo de LULA quis fazer a mesma coisa e recebeu, de saída, uma CPI que indiciou seus principais líderes que hoje terão que se submeter à lei da Ficha Limpa (muito bom, é o que devia ser feito com qualquer um que pratique a corrupção). A partir daí o governo não teve mais força de bloquear a ação dos órgãos públicos de fiscalização que passaram a atuar bem melhor, conforme dados abaixo:
CGU: A Controladoria Geral da União, encabeçada pelo ministro Waldir Pires, fiscalizou até agora 681 áreas municipais (desde 2005) e promoveu 6 mil auditorias em órgãos federais, que resultaram em 2.461 pedidos de apuração ao Tribunal de Contas da União. Apesar das bravatas de FHC, a Controladoria só passou a funcionar de fato no atual governo, que inclusive já efetivou 450 concursados para o trabalho de investigação.
POLÍCIA FEDERAL no governo de Lula o número de Policiais Federais passou de 5mil para 11mil, isso permitiu que a PF executasse 183 operações contra a corrupção, o crime organizado, a lavagem de dinheiro etc..., que resultaram em 2971 prisões, não importando a classe social e a posição das pessoas presas, contra apenas 20 operações no governo de FHC que levaram a apenas 54 prisões.
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL funcionou muito mais do que na época de FHC.
Pelo exposto, podemos concluir que a elite pode atuar como CONIVENTE (associada) ou FISCAL dos atos do Presidente da República.
Partindo das premissas, abaixo, subjacentes a esta análise:
Se Dilma fez parte ativa do grupo de Lula, o seu governo praticará atos semelhantes.
Se Serra fez parte ativa do grupo de FHC, o seu governo praticará atos semelhantes.
Fica fácil concluir que qualquer um dos dois candidatos que seja eleito precisa ser muito bem fiscalizado.
Um governo de Serra iria “jogar solto”, pois a elite é conivente com ele, enquanto que o governo da Dilma iria ser questionado e fiscalizado, e é do questionamento e da discussão que aparecem soluções novas para a sociedade (um exemplo é a lei da Ficha Limpa) e nunca de situações em que o erro é competentemente camuflado, fazendo reinar uma aparente situação de paz na sociedade.
Fonte: Via e-mail
Nenhum comentário:
Postar um comentário