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segunda-feira, outubro 23, 2006
Alckmin diz que não teme, mas
O governador de São Paulo e presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, garantiu para a imprensa nesta terça-feira (28) que não vê problema na abertura de uma CPI na Assembléia Legislativa para apurar as denúncias do jornal Folha de S. Paulo sobre seu governo. "Nenhum problema que a Assembléia investigue, chame as pessoas, abra CPI. O governo é absolutamente transparente", assegurou Alckmin.
No entanto, horas depois, a base de sustentação de Alckmin na Assembléia votou em bloco contra o pedido de abertura da CPI, feito pelo líder do PT, Enio Tatto. Os líderes dos dez partidos que formam a base pró-Alckmin consideraram que o pedido de CPI "teria caráter eleitoral", segundo o líder do governo na Casa, deputado Edson Aparecido (PSDB).
O deputado também propôs — e a base governista também impediu — a convocação de quatro suspeitos de envolvimento nas fraudes da Nossa Caixa. O banco estadual, segundo a Folha, direcionou sua publicidade para favorecer órgãos ligados aos aliados de Alckmin. Entre os quatro nomes está o de Roger Ferreira, assessor especial de Comunicação de Alckmin, que o governador prometeu não demitir mas que caiu no dia seguinte.
69 CPIs sufocadas
A oposição denunciou uma operação abafa na Assembléia Legislativa para impedir a criação da CPI da Nossa Caixa. E não seria a primeira. Desde 2003, com a reeleição de Alckmin, 69 pedidos de CPI foram feitos na Casa, e nenhuma CPI chegou a funcionar (clique aqui para ver o Especial "Dossiê Alckmin" do Vermelho).
"Essa foi mais uma CPI das 69 que não deixam instalar pela blindagem em torno do Geraldo Alckmin", protestou o Tatto. O deputado reclamou ainda da atitude do PSDB e do PFL, que rechaçaram até a convocação dos quatro envolvidos na Comissão de Orçamento e Finanças, que é permanente. "É uma blindagem completa orientada pelo Executivo, que prega - mas não cumpre - a lavagem ética."
Além de conseguir barrar a CPI, a base de sustentação de Alckmin também conseguiu aprovar que a Comissão de Fiscalização e Controle da Assembléia pedisse apenas os dados da Nossa Caixa já presentes na apuração realizada pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE).
As supostas irregularidades na Nossa Caixa foram detectadas no final do ano passado. Investigações do Ministério Público apontaram ilegalidade na intermediação de verbas de publicidade da instituição para favorecer aliados do governo. No domingo passado, a Folha denunciou em matéria de capa, citando nomes, que emissoras de rádio, TV e revistas de São Paulo teriam sido beneficiadas por contratos de publicidade do banco oficial Nossa Caixa, graças a seus vínculos com deputados estaduais pró-Alckmin.
Por coincidência, a denúncia do jornal e a demissão do auxiliar de Palocci coincidiram com o auge do Caso Francenildo-Palocci e pouco repercutiram nos meios de comunicação. Clique aqui para ver a íntegra da reportagem da Folha de S. Paulo.
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