quarta-feira, outubro 18, 2006

Escândalo: Revista revela conluio da imprensa para prejudicar Lula e o PT

A tv "BOBO" digo, Globo, deu preferencia em noticiar o dinheiro do PT, a informar sobre o desastre da GOL!!!!!!!!!!!!! Qual a razão disso? Óbvio, a Globo é uma emissora VENDIDA, POR ISSO QUE RARAMENTE ASSISTO ALGO NA GLOBO.
Leia o que vem a seguir.:

Escândalo: Revista revela conluio da imprensa para prejudicar Lula e o PT

Reportagem de capa da revista Carta Capital desta semana revela o submundo
da trama armada por um delegado da Polícia Federal, em conluio com alguns
dos principais veículos de comunicação do país - entre eles a TV Globo e os
jornais Folha de S.Paulo, O Estado de São Paulo e O Globo - para prejudicar
o PT e a candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva às vésperas do
primeiro turno.

A revista conta em detalhes como os meios de comunicação omitiram as
informações de como o delegado Edmilson Pereira Bruno obteve e repassou,
aos próprios jornalistas, as fotos do dinheiro apreendido com duas pessoas
ligadas ao PT num hotel de São Paulo. Bruno chegou a confessar sua ação
criminosa aos repórteres, afirmando que irá forjar um roubo para justificar
o fato de a imprensa estar de posse das imagens.

Embora a confissão tenha sido gravada em áudio, sem que ele soubesse,
nenhum veículo a publicou. Alguns - como a Folha e o Estadão - ainda
produziram textos procurando inocentá-lo pelo vazamento das fotografias.

Leia abaixo os trechos iniciais da matéria, transcritos pelo site do PT. A
reportagem completa está na revista que começou a chegar nesta sexta-feira
(13) às bancas;


OS FATOS OCULTOS
A mídia, em especial a Globo, omitiu informações cruciais na divulgação do
dossiê e contribuiu para levar a disputa ao 2º turno

Por Raimundo Rodrigues Pereira

Pode-se começar a contar a história do famoso dossiê que os petistas teriam
tentado comprar para incriminar os candidatos do PSDB José Serra e Geraldo
Alckmin pela sexta-feira 15 de setembro, diante do prédio da Polícia
Federal, em São Paulo. É uma construção pesada, com cerca de dez
pavimentos, de cor cinza-escuro e como que decorada com uma espécie de
coluna falsa, um revestimento de ladrilho azul brilhante, que vai do pé ao
alto do edifício, à direita da grande porta de entrada. Dentro do prédio
estão presos Valdebran Padilha e Gedimar Passos, ligados ao Partido dos
Trabalhadores e com os quais foi encontrado cerca de 1,7 milhão de reais,
em notas de real e dólar, para comprar o tal dossiê. Mas essa notícia é
ainda praticamente desconhecida do grande público.

É por volta das 5 da tarde. A essa altura, mais ou menos à frente do
prédio, que fica na rua Hugo Dantola, perto da Ponte do Piqueri, na
Marginal do rio Tietê, na altura da Lapa de Baixo, estaciona uma perua da
Rede Globo. Ela pára entre duas outras equipes de tevê: uma da propaganda
eleitoral de Geraldo Alckmin e outra da de José Serra.

Com o tempo vão chegando jornalistas de outras empresas: da CBN, da Folha,
da TV Bandeirantes. E a presença das equipes de Serra e Alckmin provoca
comentários. Que a Rede Globo fosse a primeira a chegar, tudo bem: ela tem
uma enorme estrutura com esse objetivo. Mas como o pessoal do marketing
político chegou antes? Cada uma das duas equipes tem meia dúzia de pessoas.
A de Serra é chefiada por um homem e a de Alckmin, por uma mulher. As duas
pertencem à GW, produtora de marketing político. Seus donos foram
jornalistas: o G é de Luiz Gonzales, ex-TV Globo, e o W vem de Woile
Guimarães, secretário de redação da famosa revista Realidade, do fim dos
anos 1960. Entre os jornalistas, logo se sabe que foi Gonzales quem ligou
para a Globo, avisando do que se passava na PF.

E quem avisou Gonzales? Foi alguém da Polícia Federal? Foi alguém do
Ministério Público, de Cuiabá, de onde veio o pedido para a ação da PF? Uma
fonte no Ministério da Justiça disse a Carta Capital que as equipes da GW
chegaram à PF antes dos presos, que foram detidos no Hotel Ibis Congonhas
por volta da 6 da manhã do dia 15 e demoraram a chegar à sede da polícia.
Gente da equipe da GW diz que a empresa soube da história através de
Cláudio Humberto, o ex-secretário de imprensa do ex-presidente Collor, que
tem uma coluna de fofocas e escândalos na internet e que teria sido o
primeiro a anunciar a prisão dos petistas.

Pode ser que sim, o que apenas leva à pergunta mais para a frente: quem
avisou Cláudio Humberto? Mesmo sem ter a resposta, continuemos a pesquisar
nessa mesma direção: a de procurar saber a quem interessava a divulgação da
história do dossiê e como essa divulgação foi feita. Para isso, voltemos à
região do prédio da PF duas semanas depois.

É 29 de setembro, vésperas da eleição presidencial, por volta das 10h30 da
manhã. Sai do prédio da PF na Lapa de Baixo o delegado Edmilson Pereira
Bruno,m 43 anos, que estava de plantão no dia 15 e foi o autor da prisão de
Valdebran e Gedimar. Ele convida quatro jornalistas para uma conversa:
Lílian Cristofoletti, da Folha de S.Paulo, Paulo Baraldi, de O Estado de
S.Paulo, Tatiana Farah, do jornal O Globo, e André Guilherme, da rádio
Jovem Pan. Bruno quer uma conversa reservada e propõe que ela seja feita a
cerca de um quarteirão dali, na Bovinu´s, uma churrascaria. Um dos
jornalistas argumenta que ali "só tem policial". O grupo acaba conversando
perto da Faculdade Rio Branco, que não se avista da frente da PF, mas é
também ali por perto. Ficam na rua mesmo. O delegado não sabe, mas sua
conversa está sendo gravada.

Bruno diz que quer passar para os jornalistas cópia das fotos do dinheiro
apreendido com os petistas, que estavam sendo procuradas há muito, por
muita gente. Leva um CD com as imagens; 23 fotos; e três CDs em branco para
que eles copiem as imagens de modo a que cada um tenha uma cópia. Fala que
eles devem dizer "alguém roubou e deu para vocês", para explicar o
aparecimento das fotos. Diz que ele próprio vai dizer coisa parecida a seus
chefes na PF, que os jornalista é que roubaram: "Doutor, me furtaram. Sabe
como é que é, não dá para confiar em repórter". Recomenda que as fotos
sejam editadas em computador com o programa Photoshop para tirar detalhes,
como o nome da empresa na qual as cédulas foram fotografadas,a fim de
despistar a origem do material.

Algumas pessoas têm a fita de áudio com a conversa do delegado Bruno com os
quatro repórteres. Mais pessoas ainda a ouviram. Uma delas é o repórter
Luiz Carlos Azenha, que tornou público vários de seus trechos no seu site
pessoal na internet "Vi o mundo, o que nunca você pode ver na tevê" (
http://viomundo.globo.com/). Azenha, que é repórter da TV Globo, não quis
dar entrevista a Carta Capital. Pediu para que se procurasse a emissora.
Para o que mais interessa ao desenrolar da nossa história, dos trechos da
fita, deve-se destacar a preocupação de Bruno em fazer com que as fotos
chegassem no dia ao Jornal Nacional. "Tem alguém da Globo aí?", pergunta
ele. Um dos quatro responde: "Não é o Tralli? O Tralli está muito visado",
Bruno diz, referindo-se a César Tralli e ao incidente, conhecido de muitos,
de esse repórter da TV Globo ter podido acompanhar, praticamente disfarçado
de Polícia Federal, a prisão de Flávio Maluf, filho de Paulo Maluf.

Mas a preocupação principal de Bruno é a que ele reitera nesse trecho: "Tem
de sair hoje à noite na TV. Tem de sair no Jornal Nacional".

As fotos são divulgadas, como veremos no capítulo seguinte, com imenso
destaque, no dia 29, vésperas das eleições, repita-se, no JN. Mas não
apenas no JN. Veja-se a Folha de S.Paulo, por exemplo, Lá também a
divulgação foi, pelo menos na opinião de alguns, espetacular: "Que primeira
página mais linda, a de 30/9. É por isso que eu não consigo me separar da
Folha", escreveu o leitor Euclides Araújo, no dia seguinte. "A glosa, a
irreverência, a fina ironia falaram mais alto, mostrando aquela montanha de
dinheiro em cima e, embaixo, Lula, sendo abraçado por uma mão morena e
cobrindo o rosto, como se fosse um meliante, conduzido ao distrito,
tentando esconder a identidade. O que eles querem, o Pravda ou o Granma?
Valeu, Folha!"

A Folha publicou, com grande destaque na primeira página, a foto na qual o
dinheiro está empilhado de forma que as notas apareçam com a frente voltada
para cima, que é a que mais dá a impressão da "montanha de dinheiro" citada
pelo admirador do jornal. E não divulgou que as fotos lhe tinham sido
passadas por um policial visivelmente emprenhado em fazer com que elas
tivessem um uso político claro, de interferir no pleito de 1º de outubro.

A Folha também tinha a fita de áudio, que foi levada por sua repórter. A
editora-executiva do jornal, Eleonora de Lucena, não quis responder por que
omitiu as informações dessa fita, a nosso ver tão relevantes. Alguns dos
quatro repórteres que receberam as fotos do delegado Bruno, ouvidos para
esta matéria, disseram em defesa da tese de que o áudio não deveria ser
divulgado, com o argumento de que o jornalista deve preservar o sigilo da
fonte, com o que concordamos. Mas perguntamos a Eleonora: por que ela não
deu a informação de que se tratava de uma intervenção política no processo
eleitoral, publicando os trechos da fita de áudio, que tornam isso
explícito, mas sem citar o nome da fonte?

O mais curioso, para dizer o mínimo, é que a Folha publica, junto com as
fotos do dinheiro, uma matéria ("Imagens foram passadas em sigilo à
imprensa") na qual conta o que o delegado Bruno disse depois, na tarde do
mesmo dia 29, ao conjunto de jornalistas, na frente da PF. No texto,
assinado pela repórter do jornal que recebeu as fotos de Bruno pela manhã,
se diz: "O delegado Bruno disse, ontem, em coletiva à imprensa, q2ue o CD
com as fotos havia sido furtado de sua sala, na PF - e que ele estava sendo
injustamente acusado de ter repassado o material aos jornalistas".
Pergunta-se: qual é o sentido de publicar uma informação que a jornalista
sabia que é evidentemente mentirosa e, no caso, ainda ajudava o policial a
tentar enganar a própria imprensa?

O Estado de S.Paulo do dia 30 publica a mesma foto, das notas em posição de
sentido. E com um texto, assinado por Fausto Macedo e Paulo Baraldi, ainda
mais incrível, também para dizer o mínimo. O texto é praticamente uma
diatribe contra o PT e em defesa de José Serra. Diz que a publicação das
fotos é a abertura "de um segredo que o governo Lula mantinha a sete
chaves". Diz que o dinheiro vinha de quem "pretendia jogar Serra na lama
dos sanguessugas". É também uma espécie de defesa do delgado Bruno, em
favor do qual são ditas algumas mentiras. O texto diz que as fotos foram
feitas por "um policial da Delegacia de Crimes Financeiros (Delefin)", na
sexta-feira dia 15 de setembro. E que o delegado Bruno comandou uma perícia
nas notas, a serviço da Polícia Federal, na sala da Protege AS, Proteção de
Transporte de Valores, em São Paulo. De fato, como se saberia no mesmo dia
30 em que o texto de Macedo e Baraldi sai publicado, as fotos foram feitas
pelo próprio delegado Bruno, depois de enganar os peritos que analisavam as
notas, dizendo-se autorizado pelo comando da PF. Pela infração, o delegado
está sendo investigado por seus pares.

Tanto o Estado como a Folha dividem a primeira página do dia 30 entre a
notícia das fotos do dinheiro e uma outra informação espetacular: a da
queda do Boeing de passageiros da Gol com 154 pessoas, depois de um choque
com o Legacy da Embraer, o jatinho executivo a serviço de empresários
americanos. No dia 29, no Jornal Nacional, da Globo, no entanto, não há
espaço para mais nada: a tragédia do avião da Gol não entra; o noticiário
eleitoral, com destaque para a foto do dinheiro dos petistas, é
praticamente o único assunto.

É uma omissão incrível. O Boeing partiu de Manaus às 15h35, hora de
Brasília. Deveria ter chegado a Brasília às 18h12. Quando o JN começou, a
notícia do desastre já corria o mundo. No site Terra, por exemplo, às 20h10
uma extensa matéria já noticiava que o avião da Gol havia desaparecido nas
imediações de São Félix do Araguaia, na floresta amazônica; e a causa
apontada era o choque com o avião da Embraer.

Qual a razão da omissão do JN? A emissora levou um furo, como se diz no
jargão jornalístico, ou decidiu concentrar seus esforços no que lhe pareceu
mais importante?

Qualquer que seja o motivo, o certo é que a questão da divulgação das fotos
mobilizou a cúpula do jornalismo da tevê dos Marinho. Como vimos, Bruno
fora informado pelos jornalistas que Bocardi, da TV Globo, estava entre os
jornalistas diante da PF no dia 29. Bocardi é Rodrigo Bocardi, repórter da
TV Globo, que atendeu Carta Capital com muita má vontade. Disse que a
matéria acabara sendo apresentada por César Tralli e não por ele; e não
quis dar mais informações. De alguma forma, no entanto, tanto a fita de
áudio como a conversa de Bruno com os jornalistas quanto ao CD com imagens
do dinheiro foram passados à chefia de jornalismo do JN em São Paulo e de
lá foram levadas a Ali Kamel, no Rio.

Kamel é uma espécie de guardião da doutrina da fé, o Raztinger da Globo,
como dizem ironicamente pessoas da organização dos Marinho, que criticam o
excesso de zelo deste que é um editor em última instância de todo o
noticiário político da emissora carioca. A crítica lembra o papel do
cardeal Joseph Raztinger, atualmente papa Bento XVI, no papado de João
Paulo II.

Compreende-se por que a decisão sobre o que fazer com o áudio e com as
fotos tivesse de ser tomada pelas mais altas autoridades da emissora. Se
divulgasse o conteúdo exato das duas informações, a Globo estaria mostrando
que o delegado queria usar a emissora para os claros fins políticos que
manifesta e que a emissora tinha feito a sua parte nesse projeto. A saída
de Kamel - aparentemente, segundo relato de terceiros, ouvidos por Carta
Capital, já que ele mesmo não quis se manifestar - foi a de omitir qualquer
referência à existência do áudio: "Não nos interessa ter essa fita. Para
todos os efeitos, não a temos", teria dito Kamel. A informação complicava a
Globo. A informação sumiu.

Mais iinformações na revista Carta Capital desta semana.

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