segunda-feira, outubro 09, 2006

O presidente Lula derrota o chuchu de plástico

O presidente Lula derrota o chuchu de plástico


O debate entre Lula e Alckmin, realizado pela Rede Bandeirantes, inaugurou
oficialmente o segundo turno da campanha presidencial. É o primeiro de
vários que devem ocorrer daqui até o dia 26 de outubro, data que a
legislação eleitoral estabelece como sendo a última para realização de
eventos do tipo.


O debate serviu como "amostra" do que será o segundo turno das eleições:
muita agressividade por parte da direita, debate sobre corrupção,
comparação de governos e confronto entre diferentes visões de programa para
o Brasil.


Mal terminou o debate, começaram as avaliações sobre quem ganhou e quem
perdeu (ver, por exemplo, o que diz o site da campanha Lula).


Como a maior parte dos meios de comunicação é simpatizante da candidatura
Alckmin, cabe aos apoiadores da candidatura Lula repercutir o debate, tanto
ouvindo a opinião das pessoas, quanto dando nossa opinião.


É importante, em primeiro lugar, destacar que Alckmin não está à altura de
assumir a presidência da República. Alckmin não conhece o Brasil. Alckmin
não conhece os grandes problemas nacionais.


O discurso de Alckmin é ensaiado. Nas perguntas, nas respostas, nas
réplicas ou nas tréplicas, Alckmin repete chavões. Seu truque é a
velocidade: são tantas as palavras, são tantas as mentiras, são tantas as
acusações, são tantas as bravatas, que o telespectador não consegue
acompanhar.


Por exemplo: Alckmin fala que vai cortar "gastos". Quando se pergunta quais
gastos, ele responde: gastos com corrupção, com comissionados, com a
ineficiência e com licitações malfeitas.


Essa resposta é como o ditado: "por fora, bela viola. Por dentro, pão
bolorento". Os "gastos" que Alckmin quer cortar são os investimentos
sociais, que cresceram durante o governo Lula. Por exemplo, o
bolsa-família.


Claro que ele não pode falar isso abertamente. Como também não pode falar
que, se fosse eleito presidente, retomaria o programa de privatizações.
Vamos lembrar de 1994: FHC por acaso falou que iria privatizar a Vale do
Rio Doce?


Por mais que tenha ensaiado, Alckmin não pode mudar a realidade.


Foi no governo FHC que o Brasil viveu o "apagão". O ministro do "apagão"
foi José Jorge, que hoje é candidato a vice-presidente de Alckmin.


Ao contrário do que disse Alckmin, não foi a falta de chuvas que causou o
apagão. Foi a falta de investimento, as privatizações e a incompetência
administrativa.


Foi no governo Alckmin que o PCC apareceu. Foi no governo Alckmin que a
Febem explodiu. Como pode falar em segurança, quem tem este currículo?


Como pode falar em combate à corrupção, quem articulou o arquivamento de 69
Comissões Parlamentares de Inquérito? Como pode falar de sanguessugas, quem
contratou Barjas Negri como secretário da habitação? Como pode falar em
escândalo, um homem que esteve à frente das privatizações no estado de São
Paulo? Como pode falar em choque de gestão, quem deixou um rombo nas contas
públicas do estado de São Paulo?


Alckmin não pode discutir o passado, porque os 8 anos de FHC e os 12 anos
dos tucanos no governo de São Paulo constituem um desastre administrativo,
social e econômico.


Basta dizer: enquanto os tucanos dependiam de empréstimos do Fundo
Monetário Internacional, para poder fechar as contas do país, no governo
Lula o Brasil não deve mais ao FMI.


Alckmin também não pode discutir o presente, porque os números favorecem o
governo Lula: inflação em queda, juros em queda, dívida pública em queda,
crédito mais barato, mais empregos, mais salário mínimo, mais políticas
sociais.


Basta dizer: em quatro anos, cerca de 40 milhões de pessoas são
beneficiadas pelo Bolsa Família. Só em São Paulo, são mais de 1,1 milhão de
famílias Enquanto isso, depois de 12 anos de governo estadual tucano, há
apenas 170 mil famílias beneficiadas pelo Renda Cidadã, o principal
"programa" social do governo estadual.


Lula falou sobre educação, mostrando que hoje sua administração investe
mais do que no governo anterior. No debate, Lula esclareceu que o governo
federal investe R$ 64 milhões no Dose Certa, programa de doação de remédios
para a população carente, que Alckmin divulga como se fosse do governo
paulista.


Alckmin também não pode discutir o futuro, porque seu programa de governo
representa a volta ao passado.


Uma prova disto foi o ato falho cometido pelos tucanos: eles não convidaram
FHC para assistir ao debate entre Lula e Alckmin. E Geraldo ainda disse,
literalmente, que "FHC foi um erro".


O que resta para Alckmin é repetir chavões, divulgar mentiras e fazer
críticas mesquinhas.


Entre as críticas mesquinhas, há duas obsessões de Alckmin. A primeira
delas: "Candidato Lula, de onde veio o dinheiro sujo - R$ 1,750 milhão em
dólares e reais - para comprar o dossiê fajuto?"


Alckmin deve achar que ser presidente da República é igual a ser delegado
de polícia ou promotor. Não é. Mas não é preciso ser delegado de polícia,
nem presidente da República, para perceber algo óbvio: o maior beneficiário
do escândalo do dossiê chama-se Geraldo Alckmin.


O papel do presidente da República é, por exemplo, o de escolher um
procurador geral da República que não engavete processos, mesmo que sejam
processos contra pessoas importantes do próprio governo. Isto Lula fez.


O papel do presidente da República é demitir qualquer pessoa que, no
governo, cometa atos impróprios. Isto Lula fez. O mesmo não pode ser dito
dos governos do PSDB. Foi no governo tucano de Minas que surgiu o
valerioduto. E, no caso das máfias que atuavam no ministério da Saúde, 60%
dos prefeitos envolvidos são do PSDB e do PFL.


Outra crítica mesquinha é sobre a compra de um avião presidencial. Alckmin
diz que, se eleito, vai vender o avião. Com isto, Alckmin torna-se um
candidato ainda menor. Este discurso, pautado de certo por alguma pesquisa
qualitativa, beira ao ridículo. Ou ele acha que mesmo que um presidente da
República não necessita de um avião próprio para deslocamento?


Apesar da baixaria cometida pelo candidato tucano, ficou clara a existência
de importantes divergências programáticas entre as candidaturas Lula e
Alckmin.


Por exemplo: a ênfase nas políticas sociais, inclusive na educação. A
critica às privatizações feitas no governo FHC. A relação com a juventude.
Uma política externa soberana, que não siga as orientações dos Estados
Unidos.


Talvez a principal destas divergências tenha ficado clara quando Lula,
respondendo às cobranças hipócritas do candidato tucano, disse: "Não queira
que, em quatro anos, eu conserte o que vocês fizeram de errado em quatro
séculos".

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