quinta-feira, outubro 19, 2006

Fisiologia do golpe

Fisiologia do golpe



Inconformado com a perda do cargo mais importante do Brasil, o PSDB apoiado pelo seu "irmão gêmeo", o PFL, decidiram engendrar um golpe para retomar o poder em 2006. Para alcançar este objetivo foi traçado um caminho eficiente: a construção de um "senso comum" onde todas as pessoas possuem a mesma opinião e a sensação de idéias próprias, ou seja, as idéias são genuínas e não foram plantadas. As idéias básicas, meticulosamente construídas, neste "senso comum" foram:



· "O PT é corrupto": essa é uma idéia fácil de difundir, pois o povo nunca confiou em político, porém, como historicamente o PT sempre ficou fora dos escândalos políticos o povo passou a tratar o PT como exceção. Para potencializar essa idéia se fez necessário apoiá-la na força das idéias que seguem;



· "O PT nos decepcionou": esta idéia, ligada umbilicalmente com a anterior, tem o propósito de criar nas pessoas o sentimento de terem sido enganadas, para que o respeito e amor ao PT se transformem em ódio;



· "Nunca houve tanta corrupção": distorcer, aumentar e difundir os indícios de corrupção e também criar fatos novos para aderir no “senso comum” a certeza que o PT montou um plano para ficar vinte anos no poder, roubando. Especial atenção é dada aos fatos gerados em administração do PT em governos estaduais e municipais. Como o povo brasileiro não conhece a administração petista implantada em Ribeirão Preto, fica fácil acreditar no “ético Buratti”.



· "O LULA não cumpre as promessas": criar nas pessoas a idéia que o verdadeiro motivo do LULA é dedicar-se ao roubo e que as promessas eram apenas para enganar;



· "O governo LULA é incompetente": Baseando-se no fato do LULA não ter faculdade, muitos “doutores” que se acham mais reais que o REI, publicam artigos para ridicularizar todas as ações do governo e para pregar que o LULA não foi uma boa escolha para conduzir nosso destino.







Estratégias usadas para atingir o objetivo:

· Atacar as bases do governo: Na eleição presidencial de 2002 a oposição aprendeu que não adianta atacar o LULA diretamente, pois, quanto mais se fizer isto, mais o LULA se transforma em mito. A saída é derrubar as bases de sustentação e deixar o LULA "sangrando" até 2006.



· Dissimulação: para que o senso comum se consolide é importante passar para o povo a informação que nenhuma denuncia nasceu da oposição, o que faz com que “ninguém” acredite no LULA quando este denuncia o golpe.



· Implantação de um gancho: aderir no "senso comum" a idéia que a política econômica do LULA deu certo porque seguiu a cartilha neoliberal. Este gancho, no momento oportuno seria utilizado para conduzir o PSDB ao poder.



· Freio na roda: a idéia é atrapalhar o máximo possível o trabalho do governo, agindo principalmente nos bastidores do parlamento, para que o governo não consiga seus objetivos;



· Alavancagem ética: consiste em usar a própria ética do PT para denegrir. O governo LULA movimentou as instituições federais para desbaratar esquemas de corrupção que sempre estiveram debaixo do tapete. Nunca a polícia federal e outras instituições foram tão eficientes, o que gera nas pessoas a noção de aumento da corrupção. A idéia da oposição é "colar" no "senso comum" a certeza que o PT é a causa de tanta corrupção, baseando-se no fato dessa corrupção aparecer justamente quando o PT é governo. Quanto maior for a ética do PT, mais o PT será atingido.







Ferramentas utilizadas:

· A imprensa que é divida em três segmentos: o primeiro é composto por jornais, revistas e televisões que nunca gostaram do PT. Este segmento é articulista e é parte integrante do golpe. Utiliza o "jornalismo investigativo" e se esconde atrás da "liberdade de imprensa". O segundo segmento também é composto por grandes jornais, revistas e televisões e atuam como "inocente útil". Neste segmento o jornalista agride usando a sua "intuição" para divulgar o que o povo espera e não contraria o "senso comum". O terceiro segmento, que não agride e pouco defende, fica paralisado para não contrariar o "senso comum". Neste terceiro segmento existem poucas exceções entre as quais se destacam a revista CARTA CAPITAL, CAROS AMIGOS e pouquíssimos blogs.



· CPMIs: Esta foi a principal arma utilizada. Todas as estratégias foram operacionalizadas nas CPMIs. Os ataques foram coordenados e fatais. A eficiência foi tão grande que os petistas ficaram paralisados. Tudo o que puderam repetir foi: "Se há indícios de corrupção devemos investigar tudo para que a verdade apareça". A oposição usou toda a sua experiência em corrupção, para circunscrevê-la de modo tal que se cristalizasse no "senso comum" a idéia que o PT inventou a corrupção. A CMPI foi transformada em palanque eleitoral. Foi um massacre onde o PT entrou com o rosto e a oposição entrou com os punhos. Foi orquestrada uma chuva de denuncias vinda de todos os lados. É importante notar que nenhuma dessas denuncias isoladas conseguiria derrubar o PT. Cada uma dessas denuncias foi escolhida para que parecesse verossímil e de difícil apuração.



· Tribuna do parlamento: a audiência dessa ferramenta é bem menor do que a CPMI, porém foi largamente utilizada. Todas as acusações jogadas nas CPMIs foram potencializadas e repetidas à exaustão até que parecessem verdades. Cada pronunciamento de parlamentar que esboçasse qualquer defesa era ferozmente atacado. As palavras do LULA eram distorcidas e ridicularizadas.


· Entrevistas: A imprensa articulista e integrante do golpe promoveu centenas de programas onde os convidados preconizavam o "fim do PT". Afirmavam que o presidente LULA sabia de tudo, que a política externa deste governo está errada, que a economia vai ser contaminada com a crise, que o Brasil não conheceu outro escândalo tão grande, etc. A idéia básica desses articulistas é usar imagens de "cientistas políticos idôneos e independentes", para promover o desgaste do governo. As notícias são montadas de forma a destacar a versão colocada pela oposição para consolidar o “senso comum”.







· Reuniões estratégicas: para treinar a "tropa do mal" e motivar com palavras de ordem: "Vamos acabar com essa raça...".







Devo admitir que a idéia de construir um “senso comum” foi eficiente, pois conseguiu tirar a vantagem do LULA nas pesquisas eleitorais. Apesar da “dissimulação” o plano não conseguiu enganar a todos porque tem um erro básico na estrutura: o conjunto da obra pretende acabar com o PT e não com a corrupção, o que revela os verdadeiros autores do plano.



Convido todos os amigos do presidente LULA para elaborarmos um “plano do bem” que seja capaz de reconstruir o “senso comum” e conduza o Brasil a um ciclo virtuoso de crescimento com benefícios a todos os brasileiros.







José H. S. Fernandes



Administrador de empresas.



sola@sul.com.br



Curitiba-PR.



http://conscienciapolitica.blogspot.com/2005_12_01_conscienciapolitica_archive.html

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